Close Menu

    Inscreva-se

    Receba atualizações sobre as últimas postagens.

    Você pode gostar:

    CAPÍTULO XI – Gênese espiritual [parte 3]

    outubro 5, 2025

    CAPÍTULO XI – Gênese espiritual [parte 2]

    outubro 5, 2025

    CAPÍTULO XI – Gênese espiritual [parte 1]

    outubro 5, 2025
    Facebook X (Twitter) Instagram
    Sou EspiritoSou Espirito
    Facebook X (Twitter) Instagram
    Login
    • Início
    • Livros
      • O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
      • A GÊNESE, OS MILAGRES E AS PREDIÇÕES SEGUNDO O ESPIRITISMO
    • Estudos
    • Reflexões
    • Vídeos
    • Tema
    Sou EspiritoSou Espirito
    Início»Livros»CAPÍTULO XVI – NÃO PODEMOS SERVIR A DEUS E A MAMON
    AnteriorCAPÍTULO XV – FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO
    PróximoCAPÍTULO XVII – SEJAM PERFEITOS

    CAPÍTULO XVI – NÃO PODEMOS SERVIR A DEUS E A MAMON

    • – Salvação dos ricos
    • – Preservar-se da avareza
    • – Jesus na casa de Zaqueu
    • – Parábola do mau rico
    • – Parábola dos talentos
    • – Utilidade providencial da fortuna. Provas da riqueza e da miséria
    • – Desigualdade das riquezas
    • – INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS: A verdadeira propriedade
    • – Emprego da riqueza
    • – Desprendimento dos bens terrenos
    • – Transmissão da fortuna

    O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    Salvação dos ricos

    1. Ninguém pode servir a dois senhores, pois ou ele odiará a um e amará a outro ou se apegará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir ao mesmo tempo a Deus e a Mamon. (São Lucas, 16: 13)

    2. Então, um rapaz se aproximou dele e disse: Bom Mestre, que bem eu preciso fazer para conquistar a vida eterna? — Jesus lhe respondeu: Por que me chama de bom? Só Deus é que é bom. Se você quiser entrar na vida, siga os mandamentos. — Ele perguntou: Que mandamentos? Jesus lhe respondeu: Não mate, não cometa adultério, não roube, não levante falso testemunho. Honre teu pai e tua mãe e ame o teu próximo como a ti mesmo.

    O rapaz lhe respondeu: Eu tenho observado todos esses mandamentos desde minha juventude; o que ainda me falta? — Jesus lhe disse: Se quiser ser perfeito, vá, venda tudo o que você possui e doe aos pobres, e você terá um tesouro no céu; depois, venha e me siga.

    Ouvindo essas palavras, o rapaz foi embora muito triste, porque ele possuía muitos bens. Então Jesus disse aos seus discípulos: Eu lhes digo em verdade que é muito difícil que um rico entre no reino dos céus. Eu lhes digo ainda mais uma vez: É mais fácil que um camelo passe pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus.35 (São Mateus, 19: 16 a 24; são Lucas, 18: 18 a 25; são Marcos, 10: 17 a 25)

    Preservar-se da avareza

    3. Então um homem lhe disse, no meio da multidão: Mestre, diga ao meu irmão que dívida comigo a herança que nos é devida. — Mas Jesus lhe disse: Ó homem! Quem me designou para julgá-los ou para fazer a partilha entre vocês? — Despois acrescentou: Tenha cuidado para se preservar de toda avareza, porque por mais abundante que o homem seja, sua vida não depende dos bens que possui.

    Em seguida, ele contou a eles esta parábola: Havia um homem rico cujas terras tinham produzido extraordinariamente, e ele se entretinha a pensar consigo com estes pensamentos: O que hei de fazer, já que não tenho lugar onde possa guardar tudo o que tenha a colher? — E disse ele: Já sei o que farei: demolirei meus celeiros e construirei outros maiores, e aí colocarei toda a minha colheita e todos os meus bens; então direi à minha alma: Minha alma, você tem muitos bens em reserva para vários anos; repousa, come, bebe e aproveita. — Mas Deus, ao mesmo tempo disse a esse homem: Como você é insensato! Nesta mesma noite vão tomar a tua alma; então para quem ficará o que você tem acumulado?

    Isso é o que acontece àquele que acumula tesouros para si próprio e que não é rico diante de Deus. (São Lucas, 12: 13 a 21)

    Jesus na casa de Zaqueu

    4. Tendo Jesus entrado em Jericó, passava pela cidade; e havia ali um homem chamado Zaqueu, chefe dos publicanos e muito rico, o qual, desejando ver Jesus, para conhecê-lo, não o conseguia por causa da multidão, pois ser muito pequeno. Por isso, ele correu adiante e subiu numa figueira para vê-lo, pois ele devia passar por ali. Jesus chegando a esse lugar, ergue os olhos para cima e, tendo-o visto, disse a ele: Zaqueu, trate de descer daí, porque é preciso que eu me hospede hoje na tua casa. — Zaqueu desceu imediatamente e o recebeu com alegria. Vendo isso, todos murmuravam, dizendo: Ele foi se hospedar na casa de um homem de má vida. (Veja na Introdução, o item Publicanos.)

    Entretanto, Zaqueu, apresentando-se diante do Senhor, lhe disse: Senhor, dou a metade dos meus bens aos pobres, e se tiver causado algum dano a qualquer um deles, seja no que for, eu o recompensarei quatro vezes mais. — Sobre o que Jesus lhe disse: Esta casa recebeu hoje a salvação, porque esse homem também é um filho de Abraão; pois o Filho do Homem veio para procurar e salvar o que estava perdido. (São Lucas, 19: 1 a 10)

    Parábola do Mau Rico

    5. Havia um homem rico, que se vestia de púrpura e de linho, e que cuidava de si magnificamente todos os dias. Havia também um pobre chamado Lázaro, deitado à sua porta, todo coberto de úlceras, e que só queria matar sua fome com as migalhas que caíam da mesa daquele rico; mas ninguém lhe dava das migalhas, e os cães vinham lamber as chagas dele. Ora, aconteceu que esse pobre morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão. O rico também morreu e teve o inferno como sepultura. E quando estava nos tormentos, ele levanta os olhos e vê de longe Abraão, e Lázaro em seu seio; e exclamando, disse estas palavras: Pai Abraão, tenha piedade de mim e me envie Lázaro, a fim de que molhe a ponta do dedo na água para refrescar a minha língua, pois estou sofrendo tormentos extremos nessa fornalha.

    Mas Abraão lhe respondeu: Meu filho, lembre-se de que você já recebeu teus bens na vida e que Lázaro não teve mais do que males; é por isso que ele agora está na consolação e você está nos tormentos.

    Além do mais, existe para sempre um grande abismo entre nós e você, de sorte que aqueles que queiram passar daqui para aí não o podem, como também ninguém pode passar do lugar onde você está para cá.

    O rico lhe disse: Então eu te suplico, pai Abraão, que o mande à casa de meu pai, onde tenho cinco irmãos, a fim de lhes testemunhar essas coisas, para que eles também não venham para este lugar de tormento. — Abraão lhe retrucou: Eles têm Moisés e os profetas; que os escutem. — Disse-lhe: Não, pai Abraão; se algum dos mortos for se encontrar com eles, então farão penitência. — Abraão lhe respondeu: Se eles não escutem nem Moisés nem os profetas, tampouco eles acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite. (São Lucas, 16: 19 a 31)

    Parábola dos Talentos

    6. O Senhor age como um homem que, precisando fazer uma longa viagem fora do seu país, chama seus servos e entrega seus bens nas mãos deles. E tendo dado cinco talentos a um, dois a outro e um talento a outro servo, conforme as capacidades de cada um, daí ele logo parte em viagem. Então, o que havia recebido cinco talentos vai, negocia com aquele dinheiro e ganha outros cinco. O que havia recebido dois talentos, do mesmo modo, ganha outros dois. Quanto àquele que só tinha recebido um, ele foi cavar um buraco na terra e lá esconde o dinheiro de seu senhor. Depois de um longo tempo, quando o senhor daqueles servos retornou, ele os fez prestar contas. E aquele que tinha recebido cinco talentos veio lhe apresentar mais outros cinco, dizendo-lhe: Mestre, o senhor entregou cinco talentos em minhas mãos: aqui estão eles, e além deles mais cinco que ganhei. — Seu senhor lhe respondeu: Ó bom e fiel servo, já que você foi fiel em pouca coisa, eu vou te confiar muitas outras; desfrute da alegria do teu Senhor. — O que havia recebido dois talentos também veio se apresentar a ele, e lhe disse: Mestre, o senhor entregou dois talentos em minhas mãos; aqui estão eles, e além deles mais outros dois que ganhei. — Seu mestre lhe respondeu: Ó bom e fiel servo, já que você foi fiel em pouca coisa, eu vou te confiar muitas outras; desfrute da alegria do teu Senhor. — Aquele que havia recebido um talento veio em seguida e lhe disse: Mestre, eu sei que o senhor é um homem severo, que ceifa onde não semeou e que colhe onde nada plantou; por isso, como eu fiquei com medo de ti, eu fui esconder o teu talento na terra; aqui está ele: eu te restituo o que é teu. — Mas seu senhor lhe respondeu: Servo mau e preguiçoso; você sabia que eu ceifo onde não semeei e que eu colho onde nada plantei: você devia então pôr o meu dinheiro nas mãos dos banqueiros, a fim de que, ao meu retorno, eu lucrasse com juros o que é meu. Portanto, que lhe seja tirado o talento que ele tem e que o entregue àquele que tem dez talentos; pois a todos aqueles que já têm, será dado mais, e eles ficarão cobertos de bens; mas daqueles que nada tem, será tirado dele até mesmo aquilo que ele parece ter; e que esse servo inútil seja lançado nas trevas exteriores, lá onde haverá prantos e ranger de dentes. (São Mateus, 25: 14 a 30)

    Utilidade providencial da fortuna – Provas da riqueza e da miséria

    7. Se a riqueza devesse ser um obstáculo absoluto à salvação dos que a possuem, assim como poderia ser deduzido de certas palavras de Jesus interpretadas segundo a letra e não conforme o espírito, Deus — que é quem concede a riqueza — teria colocado nas mãos de alguns um instrumento de perdição sem apelação, ideia que repugna à razão. Sem dúvidas, a riqueza é uma prova muito escorregadia, mais perigosa do que a miséria, devido seus atrativos, pelas tentações que provoca e pela fascinação que exerce. Ela é a suprema excitação do orgulho, do egoísmo e da vida sensual; é o laço mais poderoso que aprisiona o homem à Terra e desvia seus pensamentos do céu; ela produz uma tal vertigem que muitas vezes aquele que passa da miséria à riqueza esquece rapidamente a sua primeira condição, esquece aqueles que com ele a compartilhavam, aqueles que o ajudaram, e se torna insensível, egoísta e vão. Porém, pelo fato de a riqueza tornar a rota difícil, não significa que a torne impossível e não possa se tornar um meio de salvação nas mãos daquele que saiba usá-la, como certos venenos podem restituir a saúde se forem empregados a propósito e com discernimento.

    Quando Jesus disse ao rapaz que o interrogava sobre os meios de ganhar a vida eterna: Desfaça-se de todos os teus bens e me siga”, não pretendia estabelecer como princípio absoluto que cada um deva se desfazer do que possui e que a salvação só seja obtida a esse preço, mas apenas ele quis mostrar que o apego aos bens terrenos é um obstáculo à salvação. Aquele rapaz realmente se julgava quite porque observava certos mandamentos e, no entanto, recuava à ideia de abandonar seus bens; seu desejo de obter a vida eterna não ia até esse sacrifício.

    A proposição que Jesus lhe fez era uma prova decisiva para revelar o fundo do seu pensamento; ele sem dúvidas podia ser um homem perfeitamente honesto segundo o mundo, não fazer mal a ninguém, não maldizer o próximo, podia não ser nem vão nem orgulhoso, podia honrar seu pai e sua mãe; mas ele não tinha a verdadeira caridade, pois sua virtude não ia até a abnegação. Foi isso o que Jesus quis demonstrar; era uma aplicação do princípio: Fora da caridade não há salvação.

    A consequência dessas palavras tomadas na sua acepção rigorosa seria a abolição da fortuna como prejudicial à felicidade futura e como fonte de uma imensidade de males na Terra; além do mais, seria a condenação do trabalho que pode proporcioná-la — uma consequência absurda que reconduziria o homem à vida selvagem e que, por isso mesmo, estaria em contradição com a lei do progresso, que é lei de Deus.

    Se a riqueza é a fonte de muitos males, se ela excita tantas más paixões, se ela provoca até mesmo tantos crimes, devemos culpar não à coisa, mas sim ao homem que abusa dela, assim como ele abusa de todos os dons de Deus. Pelo abuso, ele torna pernicioso o que lhe poderia ser mais útil; essa é a consequência do estado de inferioridade do mundo terrestre. Se a riqueza só produzisse males, Deus não a teria colocado na Terra; compete ao homem extrair o bem disso. Se ela não é um elemento direto de progresso moral, é — sem contestação — um poderoso elemento de progresso intelectual.

    Com efeito, o homem tem por missão trabalhar pela melhoria material do globo; ele deve desbravá-lo, saneá-lo, dispô-lo para receber um dia toda a população que a sua extensão comporta. Para nutrir essa população que cresce sem cessar, é preciso aumentar a produção; se a produção de um país é insuficiente, será necessário ir buscá-la de longe. Por isso mesmo, as relações entre os povos tornam-se uma necessidade; para facilitar essas relações é preciso destruir os obstáculos materiais que separam os povos e tornar as comunicações mais rápidas. Para trabalhos que são obra dos séculos, o homem teve de extrair os materiais até das entranhas da Terra; ele procurou na ciência os meios de executá-los com mais segurança e mais rapidez; mas, para realizar tudo isso ele precisa de recursos: a necessidade o fez criar a riqueza, tal como ela o fez descobrir a ciência. A atividade requerida para esses mesmos trabalhos aumenta e desenvolve sua inteligência, e essa inteligência que ele concentra primeiro na satisfação das necessidades materiais, o ajudará mais tarde a compreender as grandes verdades morais. Sendo a riqueza o principal meio de execução, sem ela não há mais grandes trabalhos, nem atividades, nem estímulos, nem pesquisas; então, é com razão que a ela é considerada como um elemento de progresso.

    Desigualdade das riquezas

    8. A desigualdade das riquezas é um desses problemas que em vão procuraremos resolver, se considerarmos apenas a vida atual. A primeira questão que se apresenta é esta: Por que nem todos os homens são igualmente ricos? Não o são por uma razão muito simples: é que eles não são igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar. A propósito, é um ponto matematicamente demonstrado que a fortuna equitativamente repartida daria a cada pessoa uma parte mínima e insuficiente; que em supondo essa partilha efetuada, o equilíbrio estaria rompido em pouco tempo pela diversidade dos caracteres e das aptidões; que em a supondo possível e durável, cada pessoa mal tendo do que viver, o resultado seria o aniquilamento de todos os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e para o bem-estar da humanidade; que em supondo que ela desse a cada um o necessário, já não haveria mais o aguilhão que impulsiona às grandes descobertas e os empreendimentos úteis. Se Deus a concentra em certos pontos, é para que daí ela se expanda em quantidade suficiente, conforme as necessidades.

    Admitido isso, pergunta-se por que Deus a concede a pessoas incapazes de fazê-la frutificar para o bem de todos. Ainda aí está uma prova da sabedoria e da bondade de Deus. Ao dar ao homem o livre-arbítrio, ele quis que o homem chegasse, por sua própria experiência, a fazer a distinção do bem e do mal, e que a prática do bem fosse o resultado dos esforços e da própria vontade do homem. Este não deve ser conduzido fatalmente nem ao bem nem ao mal, sem o que ele não passaria de instrumento passivo e irresponsável, como os animais. A fortuna é um meio de testá-lo moralmente; mas como ao mesmo tempo ela é um poderoso meio de ação para o progresso, Deus não quer que ela fique longo tempo improdutiva, razão pela qual ele a desloca constantemente. Cada um deve possuí-la, para tentar utilizá-la e provar o uso que sabe fazer dela; mas como há impossibilidade material para que todos a possuam simultaneamente — e, além disso, que se todo mundo a possuíssem ninguém trabalharia, e o melhoramento do globo sofresse com isso —, cada pessoa a possui por sua vez: aquele que não a tem hoje já a teve ou a terá noutra existência; quem a tem agora poderá deixar de tê-la amanhã. Há ricos e pobres porque, como Deus é justo, cada qual deve trabalhar por sua vez. A pobreza é para uns a prova da paciência e da resignação; a riqueza é para outros a prova da caridade e da abnegação.

    Há quem lamente — com razão — ver a lastimável aplicação que algumas pessoas fazem da sua fortuna e as ignóbeis paixões que a cobiça provoca, e então perguntam a si mesmos se Deus está sendo justo ao dar riqueza a tais pessoas. É certo que se o homem não tivesse mais do que uma única existência, nada justificaria tal repartição de bens da Terra; porém, se em vez de limitarem sua vista apenas à vida atual as pessoas considerassem o conjunto das existências, então elas veriam que tudo se equilibra com justiça. Desse modo, o pobre não tem mais motivo para acusar a Providência, nem motivo para invejar os ricos, assim como os ricos não têm mais motivo para se vangloriar do que possuem. Se eles abusam disso, não será nem com decretos nem com leis suntuárias que se remediará o mal; as leis podem mudar momentaneamente o exterior, mas não conseguem mudar o coração. É por isso que as leis têm duração temporária e são quase sempre seguidas de uma reação mais frenética. A fonte do mal está no egoísmo e no orgulho; os abusos de toda ordem cessarão por si mesmos quando os homens se regerem pela lei da caridade.

    INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS: A verdadeira propriedade

    9. O homem não possui de fato senão aquilo que ele pode levar deste mundo. Do que encontra na chegado e deixa na saída, ele desfruta durante a sua estadia; mas desde quando ele é forçado a abandonar tudo isso, então ele só tem o usufruto das coisas, e não a sua posse real. O que ele possui, então? Nada do que é de uso do corpo; tudo o que é de uso da alma — a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais — é o que ele traz e leva consigo, aquilo que ninguém pode tirar dele e que lhe servirá muito mais no outro mundo do que neste. Dele depende ser mais rico na sua partida do que na chegada, porque a sua posição futura depende daquilo que ele tiver adquirido no bem. Quando um homem vai a um país distante, ele arruma a sua bagagem com objetos que tem uso nesse país e não se preocupa com coisas que lhe seriam inúteis. Dessa forma, façam o mesmo com relação à vida futura, e providenciem de tudo aquilo que possa lhes servir.

    Ao viajante que chega a um albergue, um bom alojamento é oferecido desde que ele possa pagá-lo; àquele que tenha poucos recursos, oferece-se um cômodo menos agradável; quanto a quem não tem nada, este vai dormir sobre a palha. Assim acontece com o homem na sua chegada no mundo dos Espíritos: seu lugar ali está subordinado às suas posses; só que não é com ouro que ele o paga. Ninguém lhe perguntará: Quanto você tinha na Terra? Que posição ocupava lá? Era um príncipe ou operário? Mas lhe perguntarão: O que você traz consigo? Não será contado o valor dos seus bens nem os seus títulos, e sim a soma das suas virtudes; ora, nessa conta, o operário pode ser mais rico do que o príncipe. Em vão ele alegará que antes da sua partida ele pagou a sua entrada com ouro, pois vão lhe responder: Os lugares aqui não são comprados: eles são conquistados pelo bem que foi feito. Com a moeda terrestre você pôde comprar campos, casas, palácios; aqui, tudo se paga com as qualidades do coração. Você é rico dessas qualidades? Então seja bem-vindo e vá para primeiro lugar, onde todas as felicidades te esperam. Você é pobre? Então vá para o último lugar, onde será tratado de acordo com os teus haveres.

    PASCAL (Genebra, 1860)

    10. Os bens da Terra pertencem a Deus, que os distribui conforme a vontade dele, e o homem é apenas o usufrutuário desses bens, o seu administrador mais ou menos íntegro e inteligente. Esses bens pertencem tão pouco individualmente ao homem, que Deus muitas vezes frustra todas as previsões e a riqueza escapar daquele que acredita possui-la com os melhores títulos.

    Vocês Dirão, talvez, que isso é compreensível com relação à fortuna hereditária, mas que não é o mesmo caso daquela que é adquirida pelo trabalho. Sem nenhuma dúvida, se for uma fortuna legítima, será este o caso, quando ela for adquirida honestamente, pois uma propriedade só é legitimamente adquirida quando, para adquiri-la, ninguém fez mal a ninguém. Será pedido conta de cada centavo mal adquirido, com prejuízo para alguém. Mas, pelo fato de um homem ter conquistado sua fortuna por si mesmo, será que ele vai levar alguma vantagem disso ao morrer? As precauções que ele toma para transmiti-la a seus descendentes frequentemente não são inúteis? Pois então, se Deus não quiser que ela chegue até eles, nada conseguirá prevalecer contra a vontade divina. Será que o homem pode usar e abusar impunemente de seus bens durante a vida, sem ter que prestar contas? Não; ao permitir que o homem adquira riqueza, Deus pode ter pretendido recompensá-lo durante sua vida, pelos seus esforços, coragem e perseverança; mas se o homem só a utiliza para a satisfação dos seus sentidos ou do seu orgulho, e se essa riqueza se torna uma causa de queda em suas mãos, seria melhor para ele se não a possuísse; ele perde de um lado aquilo que ganhou do outro, anulando o mérito de seu trabalho, e quando deixar a Terra, Deus lhe dirá que já recebeu a sua recompensa.

    M., ESPÍRITO PROTETOR (Bruxelas, 1861)

    Emprego da riqueza

    11. Vocês não podem servir a Deus e a Mamon — guardem bem isso, vocês a quem o amor do ouro domina, vocês que venderiam a alma para possuir tesouros, porque eles podem elevá-lo acima dos outros homens e lhes proporcionam os prazeres das paixões. Não, vocês não podem servir a Deus e a Mamon! Portanto, se sentirem a alma dominada pelas cobiças da carne, apressem-se em sacudir o peso que os sobrecarrega, pois Deus — justo e severo — dirá a cada um: O que você fez, administrador infiel, dos bens que te confiei? Esse poderoso motor de boas obras, você só o fez servir à tua satisfação pessoal!

    Qual é então o melhor emprego da riqueza? Procurem nestas palavras “Amem-se uns aos outros” a solução desse problema. Aí está o segredo da boa utilização das riquezas. Aquele que está animado com o amor ao próximo tem a sua linha de conduta toda traçada; a aplicação que agrada a Deus é a caridade — não aquela caridade fria e egoísta, que consiste em espalhar ao redor de si o supérfluo de uma existência dourada, mas sim aquela caridade plena de amor, que procura o infeliz e o ergue sem humilhá-lo. Rico, dê do teu supérfluo; faça mais: dê um pouco do teu necessário, porque o teu necessário ainda é supérfluo; mas doe com sabedoria. Não repulse a queixa com medo de ser enganado, mas vá à fonte do mal; alivia primeiro e informe-se depois, e veja se o trabalho, se os conselhos e até mesmo se a afeição não serão mais eficazes do que a tua esmola. Reparta em torno de ti em abundância o amor a Deus, o amor ao trabalho, o amor ao próximo. Coloca tuas riquezas sobre uma base que nunca te faltará e que te trará grandes lucros: as boas obras. A riqueza da inteligência deve te servir como a do ouro; difunde em torno de ti os tesouros da instrução; distribui entre teus irmãos os tesouros do teu amor, e eles frutificarão.

    CHEVERUS (Bordeaux, 1861)

    12. Quando considero a brevidade da vida, eu fico dolorosamente impressionado com a incessante preocupação de que para vocês o objetivo é o bem-estar material, enquanto dão tão pouca importância e dedicam tão pouco tempo ao seu aperfeiçoamento moral — que vale para a eternidade. Diante da atividade que vocês desenvolvem, dizem que se tratar de uma questão do mais alto interesse para a humanidade, ao passo que quase sempre não significa mais do que procurarem satisfazer às necessidades exageradas, à vaidade, ou de se entregarem aos excessos. Quantos sofrimentos, preocupações e tormentos cada um procura para si; quantas noites sem dormir, para aumentar uma fortuna muitas vezes mais que suficiente! Para o cúmulo da cegueira, não é raro vermos aqueles — cujo amor desenfreados pela riqueza e pelos gozos que ela proporciona os sujeita a um trabalho penoso — se vangloriarem de uma existência dita de sacrifício e de mérito, como se trabalhassem para os outros e não para eles mesmos! Insensatos! Então vocês realmente acreditam que serão levados em conta os seus cuidados e esforços movidos pelo egoísmo, pela cupidez ou pelo orgulho, ao passo que vocês negligenciam o seu futuro, assim como os deveres que a solidariedade fraterna impõe a todos aqueles que gozam das vantagens da vida social? Vocês só pensaram no seu corpo; seu bem-estar, seus prazeres foram o único objeto de sua solicitude egoísta; por ele, que morre, vocês desprezaram o Espírito que viverá sempre. Assim, esse senhor tão mimado e acariciado se tornou o seu tirano; ele comanda o Espírito de vocês, que se fez seu escravo. Seria esse o objetivo da existência que Deus lhes concedeu?

    UM ESPÍRITO PROTETOR (Cracóvia, 1861)

    13. O homem sendo o depositário, o gerente dos bens que Deus lhes colocou nas mãos, a ele será pedido uma severa prestação de contas do suo que tenha feito desses bens, em virtude do seu livre-arbítrio. O mau emprego consiste em servir-se deles somente para a satisfação pessoal; ao contrário, o uso é bom todas as vezes que deles resulta um bem qualquer para outrem; o mérito é proporcional ao sacrifício que a pessoa se impõe. A beneficência é só uma das formas de utilização da riqueza; ela ameniza a miséria atual, ela aplaca a fome, preserva do frio e dá abrigo a quem não o tem; porém, há um dever igualmente tão obrigatório e tão meritório, que consiste em prevenir a miséria; esta é principalmente a missão das grandes fortunas, através de trabalhos de todos os gêneros que elas podem executar. E mesmo que elas pudessem tirar daí um proveito legítimo, o bem não deixaria de existir, pois o trabalho desenvolve a inteligência e enaltece a dignidade do homem — que sempre se orgulha de poder dizer que ele ganhou o pão que come, ao passo que a esmola humilha e degrada. A riqueza concentrada em uma só mão deve ser como uma fonte de água viva que espalha a fecundidade e o bem-estar à sua volta. Ó vocês, ricos, que a empregam segundo os desígnios do Senhor, o coração de vocês será o primeiro a se saciar nessa fonte benfazeja; vocês terão já nessa vida as inefáveis alegrias da alma, em vez dos gozos materiais do egoísta que deixam um vazio no coração. Seus nomes serão benditos na Terra, e quando a deixarem, o soberano mestre lhes endereçará a palavra, como na parábola dos talentos: “Ó servo bom e fiel, desfrute da alegria do teu Senhor”. Nessa parábola, o servo que enfiou na terra o dinheiro que lhe fora confiado não é a imagem dos avarentos, nas mãos dos quais a fortuna fica improdutiva? Entretanto, se Jesus fala especialmente de esmolas, é que naquele tempo e na região em que ele vivia não se conheciam os trabalhos que as artes e a indústria criaram depois e nas quais a riqueza pode ser aplicada utilmente para o bem geral. A todos os que podem doar — pouco ou muito — eu então direi: Deem a esmola quando isso for necessário, mas, tanto quanto possível, convertam-na em salário, a fim de que aquele que a receba não se envergonhe dela.

    FÉNELON (Argel, 1860)

    Desprendimento dos bens terrenos

    14. Eu venho, meus irmãos, meus amigos, trazer o meu óbolo para lhes ajudar a caminhar corajosamente pela via do melhoramento na qual vocês entraram. Nós nos devemos uns aos outros; a não ser pela união sincera e fraternal entre os Espíritos e os encarnados é que a regeneração será possível.

    O amor de vocês pelos bens terrenos é um dos mais fortes entraves ao seu adiantamento moral e espiritual; por esse apego à posse vocês destroem suas faculdades amáveis ao aplicar todas elas para as coisas materiais. Sejam sinceros: a riqueza proporciona uma felicidade pura? Quando seus cofres estão cheios, não há sempre um vazio no coração? No fundo dessa cesta de flores não há sempre um réptil escondido? Eu compreendo que o homem que tenha ganho uma fortuna, mediante um trabalho assíduo e honrável, experimente uma satisfação — muito justa, aliás —, mas dessa satisfação, muito natural e que Deus aprova, até um apego que absorve todos os outros sentimentos e paralisa os impulsos do coração, aí há uma grande distância, tão longa quanto a da avareza excessiva até a gastança exagerada — dois vícios entre os quais Deus colocou a caridade, santa e salutar virtude que ensina o rico a dar sem ostentação, para que o pobre receba sem baixeza.

    Que a sua fortuna tenha vindo da família ou tenha sido adquirida com o seu trabalho, há uma coisa que vocês jamais esquecer: é que tudo vem de Deus e tudo volta para Deus. Nada lhes pertence na Terra, nem mesmo o pobre corpo: a morte o tira de vocês, como tira todos os bens materiais. Vocês são depositários, e não proprietários — não se enganem. Deus lhes emprestou e vocês têm que lhe devolver, e ele empresta com a condição de que o supérfluo, pelo menos, seja revertido em favor daqueles que não têm o necessário.

    Um de seus amigos lhes empresta certa quantia; por pouco que vocês sejam honestos, vocês têm o escrúpulo de restituí-lo e ficam agradecido a ele. Pois bem, essa é a posição de todo homem rico; Deus é o amigo celestial que lhe emprestou a riqueza; ele não pede para si mais do que o amor e o reconhecimento, mas exige que por sua vez o rico dê aos pobres — que são filhos de Deus da mesma forma que aquele rico.

    Os bens que Deus confiou a vocês despertam nos seus corações um ardente e louca cobiça; já pensaram, quando estão apegados imoderadamente a uma riqueza perecível e passageira como vocês mesmos? Já pensaram que virá um dia em que deverão prestar contas ao Senhor daquilo que veio dele? Esquecem que, pela riqueza, vocês revestiram do caráter sagrado de ministros da caridade na Terra, para serem dele os administradores inteligentes? Pois então, quando estão usando somente em proveito particular aquilo que lhes foi confiado, quem são vocês senão os depositários infiéis? Qual é o resultado desse esquecimento voluntário dos seus deveres? A morte inflexível, inexorável, vem rasgar o véu sob o qual vocês se escondem e lhes força a prestar contas ao amigo que lhes favorecera e que nesse momento ser reveste da toga do juiz diante de vocês.

    É em vão que procurem se iludir na Terra, colorindo com o nome de virtude aquilo que frequentemente não passa de egoísmo; é em vão que chamem de economia e previdência aquilo que não passa de cupidez e avareza, ou chamem de generosidade o que não passa de gastança em seu proveito próprio. Um pai de família, por exemplo, deixará de praticar a caridade, economizará e acumulará ouro sobre ouro, e isso — diz ele — para deixar aos filhos o máximo possível de bens e evitar que eles caiam na miséria; isso é muito justo e paternal, eu admito, e ninguém pode culpá-lo por isso; mas será realmente esse o único propósito que o guia? Não será muitas vezes um compromisso com a consciência, para justificar aos seus próprios olhos e aos olhos do mundo o seu apego pessoal aos bens terrenos? Contudo, que eu admita que o amor paternal seja sua única intenção, isso seria motivo para que esquecer seus irmãos perante Deus? Desde que ele já tenha o supérfluo, será que deixará os filhos na miséria só por eles terem um pouco menos desse supérfluo? Não estaria dando a eles uma lição de egoísmo e endurecendo seus corações? Não estaria sufocando neles o amor ao próximo? Pais e mães, vocês estão cometendo em grande erro se creem que desse modo vão aumentar a afeição dos filhos por vocês; ao lhes ensinar a serem egoístas com os outros vocês estão lhes ensinando a serem egoístas com vocês mesmos.

    Quando um homem trabalhou muito e juntou muitos bens com o suor do seu rosto, vocês o escutam dizer com frequência que, quando o dinheiro é ganho, melhor se reconhece o seu valor — nada é mais verdadeiro do que isso. Pois bem! Já que esse homem admite conhecer todo o valor do dinheiro, que ele pratique a caridade dentro de suas possibilidades, e então terá mais mérito do que aquele que, nascido na abundância, ignora as rudes fadigas do trabalho. Mas ao contrário, já que aquele homem se lembra das suas aflições e das suas lutas, se ele for egoísta e duro para com os pobres, ele se torna bem mais culpado do que os outros, porque quanto mais a pessoa conhece por si mesmo as dores ocultas da miséria, mais ela deve estar inclinada a aliviar as dores nos outros.

    Infelizmente, nos homens de posses sempre há um sentimento tão forte quanto o apego à fortuna: o orgulho. Não é raro ver alguém que ficou rico atordoar o infeliz que implora sua assistência, com a narrativa de seus trabalhos e de suas aptidões, em vez de ajudá-lo, e acabar por dizer: “Faça o que eu fiz.” Segundo ele, a bondade de Deus não tem nada a ver com sua fortuna; o mérito vai todo para ele. Seu orgulho põe uma venda sobre os olhos e tapa os seus ouvidos; ele não entende que, apesar de toda a sua inteligência e de toda a sua habilidade, Deus pode derrubá-lo com uma só palavra.

    Esbanjar a riqueza não é desprendimento dos bens terrenos, mas sim descaso e indiferença; o homem, como depositário desses bens, não tem mais o direito de dilapidá-los, nem de confiscá-los em seu proveito, pois prodigalidade não é generosidade, mas sim frequentemente uma forma de egoísmo. quem esbanja o ouro de mão cheia para satisfazer a uma fantasia não daria um centavo para prestar um favor. O desapego aos bens terrenos consiste em apreciar a riqueza no seu justo valor, em saber se servir pelos outros e não para si só, em não sacrificar os interesses da vida futura por ela, consiste em perdê-la sem murmurar caso agrade a Deus retirá-la. Se, por reveses imprevistos, vocês se tornarem outro Jó, digam, como ele: “Meu Deus, o senhor me deu, o senhor me tira; que a tua vontade seja feita.” Eis aí o verdadeiro desprendimento. Antes de tudo, sejam submissos; tenham fé naquele que, lhes tendo dado e tirado, pode lhes devolver. Resistam com coragem ao abatimento e ao desespero, que paralisam as suas forças; não se esqueçam jamais que, quando Deus lhes ferir, ao lado da maior provação ele sempre coloca uma consolação. Mas pensem sobretudo que há bens infinitamente mais preciosos do que os da Terra, e esse pensamento lhes ajudará a se desprenderem dos bens terrenos. O pouco apreço que se dê a uma coisa faz com que sua perda seja menos sensível. O homem que se apega aos bens terrenos é como a criança, que só vê o momento presente; aquele que não se prende a esses bens é como o adulto que vê as coisas mais importantes, pois ele compreende estas palavras proféticas do Salvador: O meu reino não é deste mundo.

    O Senhor não ordena que nos livremos daquilo que possuímos para nos reduzirmos a uma mendicidade voluntária, pois assim nos tornaríamos uma carga para a sociedade; agir desse modo seria compreender mal o desprendimento dos bens terrenos; seria um egoísmo de um outro gênero, porque seria se eximir da responsabilidade que a fortuna faz pesar sobre aquele que a possui. Deus a concede a quem lhe pareça bom para geri-la em benefício de todos. Logo, o rico tem uma missão, uma missão que ele pode embelezar e tornar proveitosa a si mesmo; rejeitar a riqueza quando Deus lhes confia entregá-la é renunciar ao benefício do bem que se pode fazer, administrando-a com sabedoria. Saber passar sem ela quando não a tem, saber empregá-la utilmente quando a possui e saber sacrificá-la quando necessário é agir conforme os desígnios do Senhor. Para aquele a quem chegue o que no mundo nós chamamos de uma boa fortuna, que diga: Meu Deus, o senhor me enviou uma nova obrigação; dê-me a força para cumpri-la segundo a tua santa vontade.

    Eis aqui, meus amigos, o que eu queria ensinar a vocês sobre desprendimento dos bens terrenos; eu resumo tudo, dizendo: saibam se contentar com pouco. Se forem pobres, não invejem os ricos, porque a riqueza não é necessária para a felicidade; se forem ricos, não esqueçam que esses bens lhes foram confiados e que vocês devem justificar a sua utilização, como na prestação de contas de uma tutela. Não sejam como o depositário infiel, servindo-se deles para a satisfação do seu orgulho e da sua sensualidade. Não se achem no direito de dispor unicamente para vocês daquilo que não passa de um empréstimo — e não de uma doação. Se não souberem restituir, vocês não terão mais direito de pedir, e lembrem-se de que aquele que dá aos pobres salda o débito que contraiu com Deus.

    LACORDAIRE (Constantine, 1863)

    Transmissão da fortuna36

    15. O princípio segundo o qual o homem é apenas o depositário da fortuna, a qual Deus lhe permite desfrutar durante a vida, tira-lhe o direito de transmiti-la aos seus descendentes?

    O homem pode perfeitamente transmitir, com a sua morte, aquilo que desfrutou durante sua vida, porque o efeito desse direito está sempre subordinado à vontade de Deus, que pode, quando quiser, impedir os seus descendentes de usufruí-la; é assim que vemos desmoronarem fortunas que parecem as mais solidamente constituídas. A vontade do homem para manter sua fortuna na sua linhagem é então impotente, o que não lhe tira o direito de transmitir o empréstimo que recebeu, já que Deus pode retirá-lo quando julgar apropriado.

    SÃO LUÍS (Paris, 1860)

    35 Essa figura de linguagem ousada pode parecer um pouco forçada, porque não se vê a relação que existe entre um camelo e uma agulha. Isso vem do fato de que em hebraico a mesma palavra é aplicada para cabo e camelo. Na tradução, foi-lhe dada esta última acepção; é provável que seja a primeira acepção a que estava no pensamento de Jesus; pelo menos é mais natural.

    36 Este subtítulo está ausente na obra original, certamente por um descuido, já que aparece no sumário e no cabeçalho do capítulo; por isso o inserimos aqui, seguindo a ordem das temáticas listadas. — N. T.

    AnteriorAnteriorCAPÍTULO XV – FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO
    PróximoCAPÍTULO XVII – SEJAM PERFEITOSPróximo

    Compartilhar

    Inscreva seu email:

    Livros

    LIVRO O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    LIVRO A GÊNESE, OS MILAGRES E AS PREDIÇÕES SEGUNDO O ESPIRITISMO

    Sou Espirito
    Facebook X (Twitter) Instagram Pinterest
    • Inicio
    • Livros
    • Estudos
    • Reflexões
    • Vídeos
    "Reflexões para iluminar a caminhada e fortalecer a fé na imortalidade da alma." Sou Espírito © 2025 - Todos os direitos reservados.

    Digite acima e pressione Enter para pesquisar. Pressione Esc para cancelar.

    Sign In or Register

    Área Restrita

    Faça login para acessar conteúdos restritos

    Esqueceu a senha?